O nosso país tem mais de 8 milhões de dependentes químicos, ou seja, pouco mais de 5% de toda a população. E, para cada um deles, existem pelo menos quatro pessoas afetadas de alguma forma pela dependência.
Nesse post, vamos falar sobre as estatísticas, tratamento e possibilidades de recuperação de uma pessoa com dependência química.
O que são dependentes químicos?
É uma pessoa que faz uso de determinada substância química de uma forma impulsiva e contínua para aliviar sensações desconfortáveis e obter prazer e bem-estar, ainda que saiba que tal substância lhe traz grandes prejuízos.
O uso é feito de forma inconsequente, onde a pessoa perde a noção do que faz mal e o que faz bem a saúde.
Os sintomas da dependência química são variados e surgem com mudanças no comportamento, na saúde física, na forma de pensar e nas atitudes. Os sinais de que algo pode estar errado aparecem em todas as áreas da vida. Veja alguns:
Problemas financeiros;
Desonestidade,
Negligência;
Depressão;
Ansiedades;
Irritabilidade;
Frustração;
Euforia;
Mudanças de amizades e atividades;
Diminuição de rendimento no trabalho ou estudos;
Falta de motivação;
Mudanças bruscas de humor;
Compulsão;
Manipulação;
Existem diversas substâncias que podem causar dependência química. Entre elas estão:
Maconha;
Cocaína;
Ecstasy;
Esteroides anabolizantes;
Anfetaminas;
Ansiolíticos;
LSD;
Tabaco;
Anticolinérgicos;
Álcool;
Opiáceos.
O que dizem as estatísticas?
Uma pesquisa divulgada pelo site G1 mostrou que aproximadamente 28 milhões de pessoas têm um familiar afetado pelo vício e que este número vem crescendo devido a diversos fatores.
Ela também mostrou a maioria das pessoas que estão em tratamento usava mais de uma droga, principalmente a maconha combinada com outras substâncias. Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, o sofrimento da família se estende por muitos anos.
Para se ter uma ideia, a média de uso é de 13 anos e a de ciência dos entes queridos, quase 9 anos. Depois que a família passa a saber, são em média mais 3 anos para que os entes queridos consigam fazer com que o dependente busque tratamento.
As mudanças de comportamento foram o que mais levou a família a suspeitar de que algo estava errado: foram aproximadamente 45% dos casos. Tudo isso é para que você perceba que infelizmente se trata de um problema mais comum do que se possa imaginar.
Não há estatísticas muito confiáveis quanto à recuperação de dependentes químicos. Isso porque nem todas as pessoas que saem das clínicas de recuperação conseguem se manter afastadas do vício. Algumas comunidades terapêuticas afirmam recuperar entre 40 e 80% dos viciados, mas não há estudo comprovado sobre esses números.
A dependência é uma doença que requer tratamento durante toda a vida, por meio de terapias que possam ajudar a pessoa a se manter firme em sua luta contra a adicção.
A terapia é necessária para que o dependente não sofra recaídas, que tendem a ser piores do que a primeira vez que ele se vicia.
A recaída pode acontecer quando o dependente químico volta a utilizar a substância novamente, ou troca o tipo de dependência, por exemplo, a droga por álcool. É a volta do consumo que a pessoa tinha antes do tratamento, e os antigos comportamentos retornam e ocorre a perda do controle da situação novamente.
O tratamento
Há diversos tipos de tratamento para dependentes químicos, e exige combinação de intervenções para que a terapia seja direcionada conforme o perfil e a necessidade de cada pessoa.
O perfil do usuário de drogas no Brasil diz que esse problema afeta pessoas entre 12 e 65 anos. Cada usuário estabelece uma relação diferente com cada substância, apresentando necessidades diferentes, e também variando no tipo de drogas para alcançar o efeito desejado.
As principais dificuldades para a busca de uma orientação especializada são a negação da doença, falta de apoio da família e amigos, ou da família que nao sabe como ajudar o dependente químico ou desconhecem a existência de clínicas e tratamentos especializados.
Compreender os motivos, os efeitos que a droga causa no organismo e também o grau da dependência são essenciais para se conseguir o tratamento correto.
Desintoxicação
A desintoxicação é o primeiro passo a ser dado para a pessoa que quer se tratar. Esse processo também influencia a estabilidade emocional do dependente químico, visto que as próximas etapas só poderão ser concluídas se houver uma nova postura e comportamentos saudáveis vindo deste.
É a etapa considerada mais critica, pois o paciente recebe assistência médica durante um período de tempo para eliminação das drogas do seu organismo.
Geralmente o uso de medicamentos é feito em conjunto com a psicoterapia.
A intenção da desintoxicação é provocar um choque no organismo, onde vão aparecer os sintomas da abstinência, e que provavelmente podem gerar mudanças no comportamento do paciente.
No início ele pode ficar mais agressivo por conta do desespero da falta que seu corpo sente da droga.
A desintoxicação é um processo desgastante e complexo, por isso deve ser supervisionada por uma equipe especializada e pronta para lidar com qualquer situação dessa fase.
As terapias combinadas são focadas na reversão dos prejuízos psicológicos e fisiológicos e pode durar entre 20 a 45 dias.
Após esse período, o tratamento é focado nas questões mais emocionais, com objetivo de trabalhar a conscientização do paciente, para que ele não caia na realidade de forma brusca, e entre em depressão.
O tratamento psicoterapêutico envolve uma combinação de terapias e medicamentos. Esse tratamento deve ser feito em uma clínica especializada, com uma equipe composta por médicos, psiquiatra, psicólogos entre outros.
Os medicamentos têm que ser escolhidos com critério e monitorados por uma equipe responsável, para que o dependente químico não abuse dos medicamentos, a fim de sustentar novamente o vicio ou querer prejudicar a própria saúde.
Em muitas vezes, é necessário prescrever analgésicos para reduzir dor de cabeça e dores no corpo que surgem durante a desintoxicação. As crises de ansiedade também podem gerar irritabilidade e mau humor.
Grande parte das drogas ingeridas são psicoativas ou psicotrópicas, ou seja, causam alterações no sistema central.
O uso dessas substancias compromete as funções do corpo, podendo causar danos irreversíveis ao organismo.
A clínica de recuperação deve oferecer um tratamento humanizado e individualizado nessa fase, com respaldo em protocolos científicos.
A desintoxicação depende de uma serie de fatores, e conta muito com o grau de comprometimento do paciente.
Internação
No caso de internação em uma clínica especializada, é importante que o dependente químico receba todo suporte necessário para se livrar do vicio. O interessante na internação é que a pessoa sai do ambiente e não tem mais contato com pessoas que utilizam as mesmas drogas.
A internação pode ser voluntária, involuntária ou compulsória.
Na internação voluntária, o usuário de drogas consente e entende que precisa de ajuda, e ele mesmo tem a iniciativa de se internar em uma clínica de recuperação. Na maioria dos casos, ele solicita sua internação voluntariamente, e inicia as etapas de desintoxicação e terapia.
Familiares, o responsável legal, ou médicos especialistas podem solicitar a internação involuntária de um paciente, mesmo sem o consentimento do mesmo. Nesses casos, o usuário não compreende o risco que está trazendo para si mesmo e para outras pessoas, e assim, precisa de uma intervenção para que se trate.
Já no caso de uma internação compulsória, essa deve ser solicitada e determinada pela Justiça, median